quinta-feira, 29 de março de 2012

Sobre serenidade, minimalismo e intensidade...




Reza a lenda que durante a reconstrução do Japão, no pós-guerra, representantes dos EUA estiveram visitando Tokyo. Num desses eventos oficiais, um dos estrangeiros (que representava uma conhecida rede norte-americana de museus) foi apresentado a um dos mais respeitados artistas japoneses. Usando da influência de seus assessores, o ocidental conseguiu um convite para jantar na casa do ancião japonês. O jantar viria acompanhado da possibilidade de apreciar a obra pictórica daquele artista.
Chegando a casa simples, o Marchand americano foi cordialmente recebido e, após o jantar, ansioso, foi conduzido à sala ao lado para apreciar a pintura do japonês.
Deparou-se, então, com uma única tela que foi contemplada com ar especialístico durante uns dez minutos. Acabado dali, o americano indagou pelos outros quadros. Foi quando o pintor japonês, admirado, perguntou-lhe:

“ – Mas o senhor consegue ver mais de um quadro por dia?”

A estória, em tom de anedota, ilustra a maneira diversa com que ocidentais e orientais entendem não apenas a arte mas, também, a riqueza. Para o primeiro, riqueza está associada ao acúmulo, à profusão, à quantidade; para o segundo, tem mais a ver com intensidade. 

*

Neste dia 29 de março de 2012, comemoramos o centenário do poeta, jornalista e professor Luís Antônio Pimentel. Muitos louvam Pimentel por sua centena de anos vividos, outros falam de sua vasta obra (mais de 20 livros), mas o maior valor de Pimentel está no fato de ele ter feito sua vida muito mais de intensidade do que de quantidade. Uma prova disso é que, ao escolher uma poesia para praticar, adotou logo o haicai e nesta se fez mestre. Uma poesia serena, minimalista, intensa, mas não menos expressiva... uma poesia que diz muito acerca de seu poeta... conheçamos a poesia haicai de Pimentel (e afastem-se daqui todos aqueles que não se contentam com uma poesia por dia.):


 

Borboletas rubras?
Não! É a sapucaia em flor
A enfeitar a relva.

(PIMENTEL, Luís Antônio. Obras Reunidas. Vol. 2. Niterói: Niterói Livros, 2004. p.418)






Divulgação Cultural
(Clique na imagem para ampliar)




Clique AQUI e assista a matéria do RJ-TV
da Rede Globo, sobre Luís Antônio Pimentel.


6 comentários:

  1. Foi maravilhosa a comemoração do centenário de nosso Pimentel lá no Tenore. EStou nas nuvens.....
    Belvedere

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  2. Que cartaz e tanto que o Pimetel ganhou neste centenário! RJ TV e tudo!

    Isso ainda é pouco, a vida deste homem dá um filme.

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  3. Kahlmeyer,

    é comovente o carinho e o cuidado que você e alguns de seus pares dedicam ao escritor Luiz Antônio Pimentel.

    Vê-se logo que suas iniciativas são desinteressada e se focam sempre na promoção daquele admirável homem.

    Se todos em Niterói se comportassem assim, nosso ambiente seria muito mais saudável.

    Livro, peça, RJ-TV, artigos de divulgação no jornal...
    Toda a gente viu isso e lembrará sempre que isto foi feito em benefício de Pimentel.

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  4. Gilson Herval da Silva Araujo30 de março de 2012 às 15:45

    Há pessoas, muito poucas, caríssimo Roberto, que ao longo (ou curto) caminho da vida vão se tornando mitos; eu não sei mais distinguir o ser e o mito em Pimentel; como se dá esse processo de isenção, respeito, dignidade, admiração? Por onde anda a alma, a alma visceral, humanamente comum? Não sei. Óu a alma nele se imortalizou? Bem, não sei, me instiga querer identificar na trajetória de Pimentel quando se deu a "travessia"... mas não consigo, le já vem sendo uma pessoa acima do bem e do mal há muito tempo!

    Vou resolver palavras cruzadas! é mais fácil.

    Um abraço.

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  5. Olá professor Roberto...
    Que beleza de estória. É isso mesmo! Há quem lê poesia como se estivesse lendo jornal! Poesia se degusta, saboreia-se... poesia é partilha entre pessoas.
    Um grande abraço.
    Mauro Nunes

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  6. Pimentel é um "homem amoroso". Assim dizia o grande educador Paulo Freire daquelas pessoas, homens ou mulheres, que traziam no coração os bons sentimentos pelos seus semelhantes. Mas não apenas traziam no peito esses sentimentos, punham suas almas e seus corpos nas lutas, trabalhavam pelo que acreditavam. Assim é o nosso Pimentel, um homem amoroso, um humanista que não esmorece e, acredito, nem tem a palavra esmorecer em seu dia a dia, pois é um exemplo de determinação. É muito bom conhecer o Pimentel.
    Carlos Rosa Moreira.

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