terça-feira, 19 de março de 2013

Renato Augusto está de volta em nova obra




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Roberto Santos

Sensível, autor escreve para corações doces

“Quanto tempo perdido/ sem perceber que o sol/ desmaia pétalas de imaginação”. (pág. 37)
...haja, ainda, partículas de sol. Renato Augusto Farias de Carvalho. Nitpress Editora. 176 páginas. R$ 35.
A antiquíssima voz de Diógenes — em Na Vida de Alexandre, de Plutarco — exclamou: “Sai um pouco de entre mim e o sol”. Exatamente o que faz Renato Augusto neste seu novo livro, a vocalizar: “Não fora a força da poesia/ e a coragem do poeta,/ o que seria desse sol de rebeldia?”. Ou, ainda, com flama solar: “Comprei lupa nova,/ água fresca de colônia/ e um pouco de sol/ à mesa de cabeceira”.
Em mistura de ficção e realidade, o autor repete a velha tradição dos românticos ingleses e alemães — a união da poesia e da prosa. Aparentemente separadas no livro, com 83 poemas (em “tons de claridade”, ou como “luares”) e 26 “quase crônicas”. Mas, como indica Sonia Peçanha, no “Prefácio”, “Renato é hábil alquimista da palavra”, razão por que se impõe o registro de Roberto Kahlmeyer-Mertens, na “Orelha”: “Como soa uma tal lira? Para saber, basta abrir o presente livro (seria pouco chama-lo só de livro) e entregar-se à prosa e à poesia de Renato Augusto Farias de Carvalho”.
Em iluminada linguagem, aqui e ali, haja ainda partículas de sol, que, até diminuídas, tocam o livro de Renato: “O passarinho cochilava ternuras/ enquanto o sol amortecido/ pressentia luares”. E que adiante prossegue: “O ofício do poema/ é esquecer as rimas/ em busca desse arco-íris de luz, / possível regaço de juntarmos as mãos.” Mais além, em três versos, homenagem consciente a uma poetisa e preito inconsciente ao poeta Angelo Longo: “Olho o barranco/ e repito Adélia Prado: “ / “o campo santo é estrelado de cruzes”.
A volta à meninice do poeta: “Sou filho do Amazonas livre”; “Minha cidade não tinha trem/ Tinha cais”(Manaus). São muitas as viagens ensolaradas de Renato pelo mundo, repletas de lembranças de ambientes e pessoas, principalmente em suas “Quase crônicas” (uma delas de obrigatória leitura: “Férias”). E “Josias” é exemplo de uma triste realidade em nosso país.
Também há o retrato falado de uma Clarice, empregada e integrante da família, que é pura poesia, repleta de saudade.

O FLUMINENSE