sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Escritor Marco Lucchesi é abraçado pelas instituições culturais de Niterói (Cobertura fotográfica)




Marco Lucchesi é na atual cena literária de nosso país uma das poucas unanimidades conhecidas. Destacado por sua juventude e talento para letras, já é lugar comum ao apresentá-lo ressaltar a sua fluência em 18 idiomas, a qualidade de suas traduções desde o alemão (Höderlin, Trakl, Rilke e Nitezsche), o russo (Khliebnikov) e o árabe (Rumi), além de sua criação literária, entre a poesia, o ensaio crítico e a prosa (incluindo um romance com inspiração machadiana). Todos sabem, que além de mais novo, Lucchesi é também um dos mais recentes membros da Academia Brasileira de Letras, para orgulho daquela casa e para a cidade de Niterói (cidade onde o literato reside e pertence a outras instituições acadêmicas).


Dando continuidade à programação do Ano da Itália no Brasil, o Cenáculo Fluminense de História e Letras, presidido por Julio Cezar Vanni propôs homenagear Marco Lucchesi por sua entrada na ABL. Dando corpo a esta homenagem, se juntaram ao Cenáculo a Academia Fluminense de Letras – AFL, a Academia Niteroiense de Letras – ANL, o Instituto Histórico e Geográfico de Niterói – IHGN, a Associação Niteroiense de Escritores – ANE, o Centro Cultural Maria Sabina, o Grupo Mônaco de Cultura e o Instituto Cultural Frederico Guilherme de Albuquerque. Estas instituições, apoiadas pela Editora Record e a Associazione Lucchesi nel Mondo, promoveram uma noite de relançamento do último livro de Marco Lucchesi, na qual, antes, o acadêmico recebeu o calor de seus pares e admiradores.

O evento contou com um longo discurso de recepção proferido pelo ex-prefeito e atual Presidente da Academia Fluminense de Letras Waldenir de Bragança, que falou em nome das instituições; uma moção da Câmara Municipal de Niterói, proposta pelo vereador Waldeck Carneiro; uma placa de prata oferecida pelas instituições culturais de Niterói, por reconhecimento ao seu trabalho literário, e uma saudação feita pelo acadêmico Roberto Kahlmeyer-Mertens, que representou os membros das academias citadas.
Além da reprodução da alocução de Kahlmeyer-Mertens, esta postagem traz a cobertura fotográfica do evento que alegrou a todos.




Entre os primeiros convidados a chegar estiveram o poeta e cursdor de exposições Paulo Roberto Cecchetti, o artista plástico Israel Pedrosa e Márcia Pessanha, presidente da Academia Niteroiense de Letras.


Chegada de Lucchesi, foto posada ao lado de Luiza Sassi, Waldenir de Bragança, Julio Vanni, Marcia Pessanha e José Alfredo de Andrade. 

Marco Lucchesi entre Vanni e Conti

Roberto Kahlmeyer-Mertens, Marco Lucchesi e Neide Barros Rego pouco antes da cerimônia começar


Início da cerimônia com o Hino Nacional Brasileiro

Vista geral da plateia durante a execução do Hino

O presidente da Academia Fluminense de Letras, Waldenir de Bragança, dá início à sessão.

O discurso de Waldenir de Bragança

Julio Cezar Vanni, presidente do Cenáculo Fluminense de História e Letras dirige algumas palavra ao Acadêmico Marco Lucchesi antes de lhe entregar a placa comemorativa em prata.

Marcia Maria de Jesus Pessanha, Presidente da Academia Niteroiense de Letras, passa as mãos de Lucchesi a placa de prata com homenagem das instituições culturais de Niterói.

O escritor Marco Lucchesi e a homenagem oferecida por Niterói

A Presidente da Associação Niteroiense dos Escritores, Leda Mendes Jorge, entrega a Lucchesi uma medalha comemorativa.

O enviado da Câmara Municipal de Niterói, representando o vereador Waldeck Carneiro entrega a Lucchesi uma Moção de Aplauso.

Lucchesi exibe a moção da Câmara Municipal de Niterói

Roberto S. Kahlmeyer-Mertens discursa em honra de Marco Lucchesi

Integraram a mesa a Diretora da Biblioteca Pública de Niterói, Glória Blauth; a Diretora do Centro Cultural Maria Sabina, Neide Barros Rego; e Carlos Silvestre Monaco, Diretor do Grupo Monaco de Cultura.



Kahlmeyer-Mertens durante sua fala


A fala de Kahlmeyer:


Excelentíssimos Presidentes e Diretores das Instituições Culturais de Niterói;
demais integrantes da mesa;
autoridades presentes;
minhas senhoras e meus senhores.

"Eis, porém, o dia! Eu que ansiava, o vi chegar!
E diante do visto, que abençoada seja minha palavra.
Pois ela, ela mesma, é mais antiga do que todas as eras,
Estando acima dos deuses do Oriente e do Ocidente,(...)
Ela, uma vez mais, criadora de tudo."

Os versos com os quais começo pertencem a uma estrofe do poema Como num dia de festa, de Friedrich Hölderlin. Escolhidos a dedo, eles nomeiam o que hoje é realidade para todos nós: temos aqui – senhoras e senhores – circunstância mais do que sobeja para festejar.

Verdade seja dita, os versos recitados (e outros que virão) têm um propósito adicional nesta fala de ocasião; é preciso confessar que eles são estratagema de que este diletante se serve ao proferir saudação ao acadêmico, poeta, ensaísta e tradutor Marco Americo Lucchesi. Isso porque, na mesma proporção que honrosa, a missão cabida a mim se tornou árida depois que o acadêmico Tarcísio Padilha já a perfez belamente em outra ocasião. Assim, como saudar nosso ilustre convidado sem ficar à sombra daquele experimentado orador? Penso que, se não desejarmos restar no lugar comum, se quisermos compreender sua identidade literária, então precisaremos da garantia de que conhecemos a pessoa e obra de Marco Lucchesi intimamente. Esse caminho seria inaudito, se não tivéssemos alguém próximo a Lucchesi, que estaria disposto a clarificar muito do que em sua vida e obra se faz decisivo. Gabo-me, assim, de contar com um expediente que Tarcísio Padilha não teve ao seu lado: trata-se de uma testemunha que estaria para Marco Lucchesi como um irmão de sangue. Alguém cujas confissões nos forneceriam a matéria que muito privilegiaria nossa saudação. Quem seria esta pessoa? Alguns estariam a perguntar, sem perceber que seu nome já foi declarado no começo de minha fala. Trata-se do próprio Hölderlin, poeta por intermédio de quem nosso convidado ganhou veredas literárias.

Acadêmico Marco Americo Lucchesi: Melhor do que ninguém, neste recinto, sabe o quanto, ainda com alma de menino, amou e sofreu com a poesia daquele alemão, motivo pelo qual não tardou a traduzi-lo para o português. Ciente de que ler é traduzir e que qualquer hermenêutica é movimento de conversão do outro no próprio, sua louvável opção por verter aquela poesia se pauta no esforço de manter-se embalado em seus ritmos e de fazer sua ressonância perene em seu ser. Já naquela época, por meio do ofício da tradução, intuía a aurora de uma linguagem criadora, uma fala de origem que reúne a totalidade. Como afirma nossa epígrafe, uma tal fala, que flanaria por sobre a diferença reinante entre o Oeste e o Leste, seria responsável por retomar essas tenazes antes mesmo de elas se fazerem apartadas pelo esquecimento e negligência dos homens. Hölderlin se mostrava o poeta da linguagem, da origem e da unidade; a partir dele, Marco Lucchesi se faz pensamento como encanto e epifania. Aos incrédulos quanto a esses fatos, digo apenas que força é lembrar as palavras de seu segundo livro, Patmos e outros poemas de Hölderlin, palavras de nossa legitimação, por asseverarem que:

“... na harmonia das essências primordiais, os signos ignoravam toda e qualquer rotação, espelhos que eram da divindade refletida, quando a estrela e o curso dos rios e as flores formavam um só destino, e quando a equivocidade do ser tornava-se imponderável e demoníaca, não era apenas legítima, mas constituía-se numa atitude formadora radical.”


Sim, prezadíssimo confrade Marco Lucchesi, Hölderlin lhe é um irmão de sangue. E, como ele mesmo disse, na aventura da linguagem, o poético desconhece fronteiras. Isso não se observaria em sua história mesma, quando projetou sentido do norte ao sul, e ao leste desde o oeste? A necessidade de lançar-se, de transcender ao mundo e tecer enredos entre as cosmovisões próximas e distantes lhe rendeu o encontro também com a poesia de Rumi. E se aquelas melodias atiçaram as brasas acesas na juventude, estas, agora, (as de Rumi) inflamaram vida e obra na idade madura. Sobre essa experiência, encontramos referendo novamente em Hölderlin, que parece versejar para este momento (cito-o):

“E como no olhar brilha ao homem um fogo,
Quando ele projeta coisas altivas,
Uma vez mais, com seus sinais, os fatos do mundo de agora
Ora ilumina um fogo na alma dos poetas.
E o que começou discreto outrora,
Eis que, agora, se faz notável.”

Transitando dos textos críticos para os escritos de poesia, na mediação de Sphera, passando por Bizâncio até Meridiano Celeste & Bestiário, eis, serenamente, os eflúvios de Rumi na poesia de Lucchesi... Da superfície ao fundo: entrega e sacrifício. Impossível adiar a certeza que, como dizes em seu Caminhos do Islã, é “brasa e chama, e fogo, para atingir o abismo da Unidade.” E assim se faz o poeta... um broto da pequena Niterói, do convívio literário modesto à notoriedade... não! Muito mais do que isso! Por meio de sua fala poética, poetas ultrapassam barreiras, desdenhando das geografias, desfazendo a hipostasia reinante entre o eu e o tu. Assim, então, pela via da poesia, pode arrebatar a si mesmo e a todos, acenando, desde sempre, a uma intrínseca atitude de união. O poeta unifica e não desata, aproxima em vez de afastar, fala desde uma metafísica própria e acena para uma unidade por nós olvidada: quem sabe o “deus” escondido de toda linguagem possível? Mas, ao fazer isso, o poeta é discreto... Apenas no tempo dos homens se faz notar; também foi assim com Marco Lucchesi, sobre este Hölderlin bem poderia ter dito:

“ele veio, como em uma lufada de vento,
tendo sido preparado nas funduras dos tempos,
mais rico de sentido e deveras distintos de nós.
Vagueia entre céu e terra e sobre os povos,
é do espírito coletivo os pensamentos
e, calmo, se encerra em sua alma poética”.

Senhoras e Senhores, acadêmico Marco Americo Lucchesi: como se pode notar, minha oração nada se refere a índoles ou a efemérides (perdoem os que esperavam um noticiário biobibliográfico). Minha fala subministra a essência de um poeta e acena ao ser de sua poesia. Alegremo-nos por termos entre nós este espírito lúcido que nos sabe, nos sintetiza e nos porta a voz.

Vivemos hoje um dia de festa, vivemos hoje como num dia de festa...



Kahlmeyer e Lucchesi se cumprimentam após o discurso de saudação


Lucchesi agradece as homenagens

A professora Marcia Pessanha encerra a reunião dando início à noite de autógrafos e ao congraçamento

Prof. Roberto Kahlmeyer junto ao Prof. Francisco Tomasco de Albuquerque

Kahlmeyer, Lucchesi e Vanni na AFL

A escritora Belvedere Bruno, o presidente Julio Cezar Vanni e a empresária Luiza Sassi

O pintor Israel Pedrosa com Maria Mertens

Renato Augusto Farias de Carvalho, Graça Porto, Wanderlino Teixeira Leite Netto e Constança (esposa de Lucchesi)

O livreiro Carlos Monaco com Neide Barros Rego

Maria Mertens com a poetisa Beatriz Chacon


Lucchesi autografando

O escritor Marco Americo Lucchesi com o casal Tomasco de Albuquerque

Marco Lucchesi com Glória Blauth, Diretora da Biblioteca Pública de Niterói - BPN

Os escritores Marco Lucchesi e Renato Augusto Farias de Carvalho com a bibliotecária Glória Blauth


Kahlmeyer, Lucchesi, Blauth, Farias de Carvalho e Sérgio Chacon


Maria Mertens com a escritora Gracinda Rosa da Costa

Os escritores-acadêmicos Luiz Antônio Barros, Bruno Rangel e Wanderlino Teixeira Leite Netto

Maria Helena Latini, Marcos Vinícios Varella e Belvedere Bruno

Uma bela foto de uma bela festa

Dr. Geraldo Caldas com Maria Mertens

Marco Lucchesi com o jornalista e editor Luiz Augusto Erthal

O professor Roberto Kahlmeyer-Mertens e o livreiro e promotor cultural Carlos Monaco

A camaradagem de Kahlmeyer e Monaco

Kahlmeyer junto ao idealizador da homenagem a Lucchesi: Julio Vanni.




Divulgação Cultural
(Clique na imagem para ampliar)






"Chove nos campos de Cachoeira" em reedição especial e ampliada resgata obra de Dalcídio Jurandir


 
A primeira edição de Chove nos campos de Cachoeira foi publicada em 1940, depois que o romance ganhou o prêmio “Dom Casmurro” oferecido pela Editora Vecchi. A obra abriu caminho para que Dalcídio Jurandir se tornasse um dos mais importantes autores brasileiros do século XX. Reeditada em 1976 pela Editora Cátedra e esgotado desde então, a obra chega agora às mãos dos leitores do século XXI numa versão inédita, preparada a partir de anotações, correções e emendas feitas pelo próprio escritor.
Dalcídio Jurandir nasceu na Ilha de Marajó, Pará, em 1909. A Chove nos campos de Cachoeira  seguiram-se outros nove romances para formar uma série que ficou conhecida como “Extremo-Norte”. Em seus livros, o escritor construiu uma obra que revela o universo urbano e provinciano de uma região afastada dos grandes centros, ao mesmo tempo em que toca naquelas questões universais do ser humano que permeiam toda boa literatura. A atual versão de Chove nos campos de Cachoeira foi possível a partir de um exemplar da primeira edição localizado no acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, que recebeu minucioso cotejo e preparação do texto realizado pela professora e pesquisadora Rosa Assis.  


                                                                             


Divulgação Cultural
(Clique na imagem para ampliar)