segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Octavio Paz na data do "Encontro de Niterói com a América Latina"





Em nossa cidade ocorre o  Encontro de Niterói com a América Latina. Quem desejar saber mais sobre o evento, pode clicar nos links que disponibilizo abaixo. Em nosso caso, a contribuição de Literatura-Vivência para o espírito de intercâmbio cultural do evento não poderia ser outra senão um quinhão literário-vivencial: uma tradução (própria) do poeta e intelectual latino-americano Octavio Paz.
Mesmo sabendo que Miguel de Unamuno condenava as traduções – especialmente a de poesias –, preciso me inclinar a pensar a viabilidade dessa prática (apoio-me em Ronái e em Geir para tal). Até para que este projeto ocidental-renascentista (lembremos que a tradução é uma invenção europeia, a ponto de, em algumas línguas asiáticas, a palavra “tradução” sequer existir) ganhe concretude no evento em questão; até para que o sonho de la unidad de Latino America, alentado uma geração antes da minha, possa ser novamente nutrido.

Vejamos a poesia de Octavio Paz, hoje dedicada por mim à escritora Branca Eloysa:


                                                                                                                                   Octavio Paz


Destino del poeta

¿Palabras? Si, de aire,
y en el aire perdidas.
Déjame que me pierda entre palabras,
déjame ser el aire en unos labios,
un soplo vagabundo sin contornos,
breve aroma que el aire desvanece.

También la luz en sí mesma se pierde.

Destino del poeta

Palavras? Sim, de ar,
e perdidas no ar.
Deixe-me que perca entre palavras,
deixe-me ser no ar entre uns lábios,
um sopro vagabundo sem contornos,
breve aroma que no ar se desvanece.


Também a luz em si mesma se perde.


Escritura

Cuando sobre el papel la pluma escribe,
a cualquier hora solitaria,
¿quién la guía?
¿A quién escribe el que escribe por mi,
orilla hecha de labios y de sueño,
quieta colina, golfo,
hombro para olvidar al mundo para siempre?

Alguien en mí, mueve mi mano,
escoge una palabra, se detiene,
duda entre el mar azul y el monte verde.
Con un ardor helado
Contempla lo que escribo.
Todo lo quema, fuego justiciero.
Pero este juez tambiém es víctima
y al condenarme, se condena:
no escribe a nadie, a nadie llama,
a sí mismo se escribe, e sí se olvida,
y se rescata, y vuelve a ser yo mismo.

Escritura

Quando sobre o papel a penas escreve,
em qualquer hora solitária,
quem a guia?
A quem escreve o que escreve por mim,
margem feita de lábios e de sonho,
quieta colina, golfo,
ombro para esquecer do mundo para sempre?

Alguém escreve em mim, e move minha mão,
escolhe uma palavra, se detém,
oscila entre o mar azul e o monte verde.
Com um gélido ardor
Contempla o que escrevo.
Queima a tudo, fogo justiceiro.
Mas este juiz também é vítima
e ao me condenar, se condena:
não escreve a ninguém, a ninguém chama,
a si mesmo se escreve; em si mesmo se esquece,
e se resgata, e volta a ser eu mesmo.




Divulgação Cultural
(Clique na imagem para ampliar)



12 comentários:

  1. Kahlmeyer,

    Você sempre cercado do melhor! O Otávio Paz era o maior intelectual da América Latina!

    Abraço,
    Victor

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  2. Parabéns por mais esta iniciativa no momento encontro-me comprometido com as récitas de " As Valquírias" de Richard Wagner no Theatro Municipal de São Paulo, compositor que foi tema do meu último livro.
    Vicente de Percia

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  3. Kahlmeyer,
    Bem que haviam me dito que vc era um erudito de poesia! Não conhecia a poesia de Octávio Paz.
    Obrigado por nos apresentá-la.
    Abçs
    Marcus Moura

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  4. Prezado Marcus Moura,

    Não posso ser considerado um “erudito em poesia”, como dizes. Como sabes, minha área de competência é a filosofia e, no que diz respeito à poesia, apenas a leio por interesse e gosto. Isso faz com que eu procure mostrar no blog as coisas que conheço, aprecio e acho que poderia contentar ao público do Literatura-Vivência.

    Cordialmente,
    Roberto Kahlmeyer-Mertens

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  5. Como se diz lá na terrinha: porreta!

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  6. “Lo que brilha com luz propria nadie lo puede apagar...”

    Isso é para você, Kahlmeyer!

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  7. Yedda Pereira dos Santos21 de novembro de 2011 às 09:46

    LINDOS POEMAS.

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  8. A música é tocante.

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  9. Não o conhecia. Obrigada por me ensinar.
    Abs
    Belvedere

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  10. Branca Eloysa Pedreira Ferreira22 de novembro de 2011 às 13:39

    Roberto, uma surpresa sentir seu olhar sobre mim. Parece que nos conhecemos desde sempre. GRACIAS A LA VIDA !

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  11. Como se diz lá no Muquiço e nas adjacências da Ratolândia (ambas comunidades VIP de Vigário Geral!): " - Show de bola!"

    Alyran

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  12. Figura intelectual!

    Abçs
    Waldir Vieira

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