“Aulas ministradas à humanidade, através da vida e da obra de alguns dos pintores que trouxeram contribuições originais à abrangência da pintura, de Leonardo da Vinci a Jackson Pollock”.
É com a citação acima que o artista plástico
brasileiro Israel Pedrosa descreve – em uma entrevista ainda inédita (*) – a
intuição primeira de seu mais novo livro Dez
aulas magistrais, livro do pintor que vem sendo escrito e reescrito
(submetido a um altíssimo grau de exigência de seu autor) desde 1980. Naquela
década, tomado por um entusiasmo que o fazia trabalhar até dez horas por dia, Pedrosa
criou reuniões periódicas nas quais capítulos de sua Magnun Opus eram apresentados aos amigos mais diletos, gente das
artes e das letras. No trecho abaixo, o autor/pintor descreve aqueles balões de ensaio:
“Somente um grupo de amigos mais próximos ligados de alguma
maneira ao meu trabalho tinha acesso ao meu ateliê. Periodicamente nos
reuníamos para a leitura dos textos elaborados. A leitura era feita pela
professora e escritora Luzia de Maria, cujo talento para isso é notável. Essas
reuniões eram feitas pela manhã e após a leitura e comentários sobre os textos,
almoçávamos, almoços que, em longos colóquios, às vezes se estendiam até às
quatro horas da tarde. Os mais assíduos frequentadores dessas reuniões eram: o astrônomo
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão; Meli, viúva do escritor José Cândido de
Carvalho; Maria e João Candido Portinari (respectivamente: viúva e filho de Portinari); meus filhos
Ulianov, Jamile; Marco Lucchesi; Luzia de Maria e Faraday, Kátia de Marco,
Kátia Bretas, Dora Sodré e Maria José Latini de Carvalho, Maria Líbia e
Orestes, José Maria e Anita Santoro, e o Alaôr Eduardo Scisínio”.(**)
No mesmo espírito dos encontros
iniciais, no dia de hoje, Niterói reviveu aqueles dias de phília dialógica em torno da cultura e da intelectualidade. Na
referida data, o Pintor – junto a um pequeno e seletíssimo grupo de convidados –
não apenas apresentou publicamente o resultado das obras de ampliação de seu
ateliê, quanto brindou a todos que estavam presentes com a leitura do capítulo
de seu Dez aulas magistrais dedicado ao
mestre Hieronymus Bosch. Quem esteve presente na ocasião, ainda teve
oportunidade de contemplar algumas réplicas de quadros do renascentista
pintadas pelo próprio Pedrosa (saldos do esforço do autor/pintor por descobrir
e recriar os processos e técnicas criativas utilizados por Bosch).
O registro deste dia, que já
prenuncia o êxito de Dez aulas magistrais
(a ser publicado em 2013), é o que se tem na presente postagem de Literatura-Vivência.
(*) PEDROSA, Israel. Entrevista concedida a Roberto S. Kahlmeyer-Mertens. In: Conversações com intelectuais fluminenses. (Org) R. S. Kahlmeyer-Mertens. Niterói: Nitpress; EdUFF.
(**) Idem.
(*) PEDROSA, Israel. Entrevista concedida a Roberto S. Kahlmeyer-Mertens. In: Conversações com intelectuais fluminenses. (Org) R. S. Kahlmeyer-Mertens. Niterói: Nitpress; EdUFF.
(**) Idem.
Placa em bronze na porta de entrada do ateliê de Israel Pedrosa, com escritura de Marco Lucchesi.
Quando indagado por mim: " - Então, é aqui que tudo acontece?" a resposta jocosa de Pedrosa foi: " - Quase tudo!"
Os primeiros convidados chegam para conferir o novo espaço do ateliê de Israel Pedrosa.
Na foto, além do pintor (canto direito) se pode divisar o literato Edir Meirelles e Raquel Cecchin Meirelles (de costas).
Também o filólogo Maximiano de Carvalho e Silva foi convidado a conhecer o novo atelier do Pintor. Neste sábado, Maximiano (em conversa com o ex-presidente da União Brasileira dos Escritores - UBE-RJ) relembrou os encontros literários no apartamento do bibliófilo Plínio Doyle (Sabadoyles).
O anfitrião Israel Pedrosa faz as honras da casa e explica o propósito da reunião, antes de passar a palavra para Luzia de Maria, leitora do texto de Dez aulas magistrais.
Maximiano, Pedrosa e Luzia
Luzia de Maria, ao centro, inicia a leitura do capítulo sobre Hieronymus Bosch em Dez aulas Magistrais.
O quadro "O viajante" (também conheciso como: "O filho pródigo") foi uma das telas de Bosch reproduzidas por Israel Pedrosa.
Após a leitura do texto de Pedrosa, o poeta Affonso Romano de Sant'Anna teceu considerações sobre o bom uso do conceito de carnavalização e do recursos feitos pelo autor às ideias de Mikhail Bakhtin.
Em meio aos presentes na foto: Marina Colasanti (sentada), Cícero Mauro Fialho (ex-reitor da UFF), Affonso (ao centro), os escritores Wanderlino Teixeira Leite Netto e Lena Jesus Ponte e Maximiano de Carvalho e Silva.
Israel Pedrosa retoma a palavra desejando que nos divirtamos naquela manhã de artes e letras.
Retrato da dispersão após a leitura e comentários sobre o texto de Pedrosa.
(no sentido horário, se identificam: a escritora Marina Colasanti; ao fundo, Israel Pedrosa, João Cândido Portinari e Affonso R. Sant'Anna; Carlos Monaco, Edir Meirelles, Raquel C. Meirelles, Maximiano de Carvalho e Silva (ao centro) e Cícero Fialho (de costas em primeiro plano).
Apreciando as réplicas de Bosch: Israel Pedrosa, Affonso R. Sant'Anna e João Cândido Portinari.
O poeta Affonso Romano de Sant'Anna ao lado do pintor Israel Pedrosa
Affonso Romano de Sant'Anna, Roberto S. Kahlmeyer-Mertens e Israel Pedrosa
Retrato do carinho mútuo entre Israel Pedrosa e João Cândido Portinari
O Prof. Faraday com Luzia de Maria e Marina Colasanti
Réplica em tamanho original do quadro "A nau dos insensatos" de Bosch, feita por Israel Pedrosa
O casal de escritores, Lena Jesus Ponte e Wanderlino Teixeira Leite Netto
João Cândido Portinari, Israel Pedrosa, Affonso Romano de Sant'Anna e Maximiano de Carvalho e Silva (na pauta da conversa, Machado de Assis).
Kahlmeyer-Mertens, Affonso Romano e Max (ainda Machado)
Kahlmeyer-Mertens (canto esquerdo) com Israel Pedrosa e Affonso Romano de Sant'Anna
Max e ARS...
Marina Colasanti, Affonso Romano de Sant'Anna e Maximiano de Carvalho e Silva
Luzia da Maria, Lena Jesus Ponte e Wanderlino Teixeira Leite Netto: Escritores de Niterói
Israel Pedrosa autografa a segunda edição de Da cor à cor inexistente para Francisco Caruso, ao fundo se vê a escritora Marina Colasanti com Luzia de Maria
Kahlmeyer, Portinari e Prof. Max
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Divulgação
Cultural
Excelente notícia. São esses momentos que sinto a cultura pulsar mais viva do que nunca. A réplica da "Nau dos Insensatos" me fez lembrar da professora da UFF, Heide Mason, que nos incitava a ler o livro de Sebastian Brant, "Das Narrenschiff - A Nau dos Insensatos", mas infelizmente na época não havia tradução para o portugues.
ResponderExcluirParabéns pela reportagem.
Este foi, de fato, um encontro de categoria! Nada daquelas caras conhecidas de Niterói! Um encontro onde o nível foi preservado. Cumprimentos ao pintor Israel Pedrosa por oxigenar a cultura de nossa cidade com a inteligência genuína dos intelectuais e artistas que frequentaram este belo encontro com o Dez Aulas Magistrais. Foi mesmo MAGISTRAL!
ResponderExcluirZandra Leal
Realmente.
ExcluirBelvedere
Que inveja, Kalhmeyer! É um privilegio ter amizade com tanta gente importante. Mas reconheço que isso não é pro meu bico, não seberia nem o que dizer.
ResponderExcluirNeuza Briggs
Um evento que eu gostaria muito de ter comparecido. Como as coisas não são como a gente deseja, que a conformação chegue, acalmando a frustração.
ResponderExcluirUm excelente dia para todos.
Belvedere
O novo ateliê do pintor Israel Pedrosa é a maior concentração de medalhões por metro quadrado em Niterói.
ResponderExcluirIsso é bom de ser visto!
Simone
Karákas, prof! Soh a elite!!!
ResponderExcluirMarcelo Vítor
Parabéns ao artista plástico pelo novo ateliê. Aguardamos com anseio seu novo livro, certamente rico e interessante.
ResponderExcluirAbraços do
Jorge Pacheco Menezes
.........
ResponderExcluirMarcelo Lopes
Roberto,
ResponderExcluirparabéns! Primeiro pelo Blog, que tem sido muito dedicadamente realizado por você! e, também por ontem, parabéns! Você registrou muitíssimo bem o nosso encontro, na "Casa das artes", de Pedrosa. Gostei muito!
(...)
Ah! se em algum registro próximo houver espaço, um breve informe: vou fazer duas palestras-oficinas no Espaço do Professor, na Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Uma no dia 10/08, com o tema "SER LEITOR, QUE DIFERENÇA FAZ?"; e a outra no dia 12/08, cujo tema é "OLHAR PELAS LENTES DA NEUROCIÊNCIA: COMO AS EXPERIÊNCIAS - INCLUINDO A LEITURA - MODELAM O CÉREBRO".
O convite da Bienal e vários outros que tenho recebido, para palestras no Estado de São Paulo, é graças àquele livro meu, da Globo, "O CLUBE DO LIVRO - Ser leitor, que diferença faz?", que conquistou o Prêmio Literário Nacional do PEN Clube do Brasil, 2011, na categoria ENSAIO. Nessa semana que passou, o Pimentel fez um PERFIL meu, no jornal A Tribuna, mas penso que ele não sabia dessa notícia tão auspiciosa para Niterói. Acho que é muito bom quando um livro nosso sai por aí conquistando leitores, você não acha?
Um afetuoso abraço e obrigada,
Luzia de Maria
Um dia, sem dúvida, memorável na "Casa das Artes"!
ExcluirAtt
Iran Fanton
Pedrosa,Portinari, Colasanti, Affonso Romano... Uma festa dos Barões da cultura de Niterói, brasileira!
ResponderExcluirAurélia Novaes
É a primeira vez que eu vejo um vernissage de um ateliê! rsrsrsr
ResponderExcluirA pessoa de Israel Pedrosa por si só já é artística! Este sim, sabe fazer uma exposição! E que pletéia!!!
Adorei, Kahlmeyer!
Parabenize o Israel Pedrosa em meu nome!
Abraços,
Carolina Adorno
Ae! Dei valor!
ResponderExcluirBjuuss!
Celly
Queria ter ido... Coisa de sonho...
ResponderExcluirEu não fui convidado, mas mesmo que foçe eu não iria. Não gosto de festa de burgueses e existem muitos outros programas ao ar livro para se fazer nesta cidade de Deus. Existem muitos exempros que eu poderia citar.
ResponderExcluirRepudio festa de quem não está comproumetido com a niterói que eu amo e que prometerei zelar pela cultura histórica e cultural. É isso, falei!
Parabéns ao pintor Israel Pedrosa, aguardamos seu livro com muito interesse.
ResponderExcluirÂngela Sobral Castanha
Kahlmeyer, é o auge de seu Blog! O literatura vivência nunca tinha noticiado evento mais bonito!
ResponderExcluirUm triplo parabéns ao Israel Pedrosa: pelo seu livro, pelo seu novo ateliê e pelas ilustríssimas companhias!
Abraços sinceros,
Vanessa Celta
Concordo com a Vanessa,
ExcluirTanto quanto conteúdo, quanto pela forma o blog chegou no topo!
A linguagem, a dinâmica, as ilustrações...
Parabéns Kahlmeyer
Felipe
Prezado Kahlmeyer:
ResponderExcluirNa penúltima postagem fiz uma pergunta que ficou em aberto. Achando que merecemos uma resposta, torno a fazê-la:
Acho ótima a iniciativa de lembrar dos livros que marcaram Niterói. Lamento que a antologia "Água Escondida" de Neide Barros Rêgo ainda não tenha sido contemplada.
Este livro não teria marcado Niterói?
Prezado usuário/leitor anônimo,
ExcluirO projeto “Livros que marcaram Niterói” é publicado quinzenalmente e enfoca alguns dos muitos títulos que marcaram nossa literatura. Sim, a antologia “Água escondida”, organizada pela confreira Neide Barros Rego, é um dos livros em nossa agenda.
Para que o leitor possa se orientar, indicamos aqui os próximos números a serem contemplados por nosso programa:
1) “Paisagem fluminense” (1968), de Jacy Pacheco;
2) “Antologia de poetas fluminenses” (1968), de Rubens Falcão;
3) “Signo de sapo” (1974), de Sávio Soares de Sousa
4) “Topônimos tupis em Niterói” (1980), de Luís Antônio Pimentel;
5) “As ruas de Niterói contam seus nomes” (1993), de Emmanuel de Macedo Soares;
6) “Passeio das letras na taba de Arariboia” (2003), Wanderlino Teixeira Leite Netto;
7) “Da cor à cor inexistente” (1977), de Israel Pedrosa;
8) “Faces da utopia” (1992), de Marco Lucchesi;
Entre outros.
Continue a acompanhar Literatura-Vivência.
Caro Roberto,
ResponderExcluirO meu agradecimento por sua dedicação e competência em registrar tão bem o emocionante encontro que nos proporcionou o nosso querido e admirado Pedrosa!
Com o grato e afetuoso abraço do
João Candido
(Portinari)
Belíssimo e excelente trabalho.
ResponderExcluirDa sua fã, Márcia Pereira.
É o ápice, Roberto!
ResponderExcluirParabéns!
Landri
Bela reunião, bela postagem. Realmente, um momento para se guardar. Parabéns.
ResponderExcluirUm abraço.
Carlos Rosa Moreira.
Rico, Kahlmeyer! Muito rico!
ResponderExcluirÁlvaro B Nunes
Prezado Roberto Kahlmeyer-Mertens,
ResponderExcluirContemplar a maneira carinhosa e respeitosa com a qual você trata a boa cultura de nossa cidade reforça em nós que o patrimônio cultural de Niterói tem e sempre terá em você, como já tem em Israel Pedrosa, um difusor perpétuo.
Receba minha profunda admiração!
Marcello Perine
Em que outro lugar conseguiríamos ver fotos tão legais sobre os acontecimentos de nossa cidade?
ResponderExcluirValeu, Roberto
Em nome da administração do Blog "Literatura-Vivência" gostaria de agradecer a todos os leitores usuários pelos 483 acessos no intervalo de 24h. A frequência e atenção de todos é fundamental para o êxito de nosso empreendimento.
ResponderExcluirContituem a visitar o LV.
Roberto Kahlmeyer-Mertens
Roberto, Parabéns pelo árduo trabalho de divulgação da Arte e do Pensamento.
ResponderExcluirGostei de ver tanta gente ilustre no Ateliê do Pedrosa.
abs. C Trigueiro
obrigado,Roberto, você fixou momentos de arte e amizade na casa do Israel.ars
ResponderExcluirave! pedrosa, ave! kahlmeyer. na próxima estaremos juntos.marco.
ResponderExcluirSó agora, passada a euforia daquele encontro em minha casa pude parar para escrever-lhe. Gostaria de agradecer a caprichosa cobertura fotográfica do evento e o livro com que me presenteou. Fiquei comovido em receber de suas mãos a rara edição de “Tratado della pittura” de Leonardo DaVinci, sabendo que um presente régio como este saiu de sua biblioteca pessoal, fico a imaginar quantas riquezas você não teria em seu acervo. Esteja certo de que este livro – livro sobre o qual eu tenho passado meus dias debruçado – será de grande utilidade para o capítulo referente a Leonardo em meu “Dez aulas magistrais”.
ResponderExcluirAdmirando o seu trabalho com as letras fluminenses, gostaria de registrar uma vez mais minha admiração e crédito no seu valor intelectual. Sua trajetória e amizade em muito me lembra a de nosso amigo comum marco Lucchesi.
Um abraço amigo, do
Israel.