No próximo dia 16 de junho, durante a sexta edição do Giro Cultural
(evento promovido pela Imprensa Oficial
do Rio de Janeiro, com apoio do Grupo
Mônaco de Cultura), o acadêmico R. S. Kahlmeyer-Mertens lançará seu Discursos e alocuções acadêmicas (Nitpress). Seleta de diversos textos de
oratória. Com prefácio de Jorge Loretti e orelhas de Sávio Soares de Sousa o
livro será lançado no Calçadão da Cultura/Livraria Ideal, que fica à Rua
Visconde de Itaboraí, n.◦ 222, centro, Niterói. O evento começa às 10 h. e tem
entrada franca.
A oratória acadêmica, ― mais explicadamente, a usual nas nossas
academias de letras, tanto a nacional como as estaduais e municipais ―, andou
perrengue por prolongados anos, toda a gente o sabe. Seguramente porque
arraigada a modelos herdados de outras fases já superadas de nossa cultura.
Repetitiva e monótona. Desatualizada, às vezes até ridícula. Agora, prefiro
dizer, de algumas décadas para cá, com a democratização das academias, esse
tipo de oratória vem dando sinais de consonância com os paradigmas da movimentada
era das comunicações. Não têm mais cabimento os discursos quilométricos, de
puro exibicionismo, cansativos e monótonos, eficazes apenas no tratamento da
insônia. Vivemos a civilização do recado direto, do colóquio produtivo e
interessante. Ao que percebo, na vivência acadêmica, a evolução, aí, é
perceptível ao primeiro contato com nossos oradores acadêmicos. E posso citar,
tranquilamente, para comprovar o dito, o exemplo do mestre Roberto S.
Kahlmeyer-Mertens, membro de várias e importantes instituições culturais, em
pleno vigor da juventude, autor dos discursos reunidos neste volume.
Inteligente e erudito, ensaísta e professor universitário, consciente de suas
responsabilidades como intelectual,
dotado da rara virtude gabada por São Tomás de Aquino, ― a da estudiosidade, ―
Kahlmeyer-Mertens é senhor de um estilo claro, fluente, natural, lúcido,
desbastado de barroquismos, fiel ao vernáculo, e transita pelos mais espinhosos
temas com o desembaraço e a firmeza de um atleta olímpico. Tudo isso justifica
a amizade e a admiração que lhe dedico.
Sávio Soares de Sousa
das Academias Fluminense e
Niteroiense de Letras
Grande foi a
satisfação ao receber do professor Roberto S. Kahlmeyer-Mertens o gentil
convite para prefaciar mais este livro editado pela Nitpress. Obra de um jovem intelectual
cujo trabalho nos inspira reconhecimento, admiração e respeito, Discursos e alocuções acadêmicas traz
textos que foram proferidos em circunstâncias da vida acadêmico-cultural deste
nosso estado do Rio de Janeiro. Confesso que procurei ler esses trabalhos com
imparcialidade, entretanto, logo, estas orações me tocaram emocionalmente
fazendo com que recordasse os anos de minha militância estudantil. Militância
de juventude esta que me rendeu lições úteis para toda a minha história com a
magistratura: já naquela época, percebi que brilhavam mais os atores sociais
que sabiam se expressar; a fala era, assim, a capacidade de criar simpatias,
congregar interesses e legitimar lideranças. Lendo o livro de Kahlmeyer-Mertens,
não apenas reconheço o mesmo talento eloquente a que me refiro acima, mas
também a habilidade superlativa e inata com a língua culta, a sofisticação e
fluidez do estilo oratório e – acima de tudo – o conteúdo de sua prosa repleta
de erudição histórica, literária e de alta filosofia. Com Discursos e alocuções acadêmicas, Kahlmeyer-Mertens nos faz crer na
feliz reputação de prodígio.
Diante desta
matéria, é dever deste prefácio ressaltar as qualidades de alguns dos escritos
aqui reunidos:
Na primeira
parte da obra, reservada a orações acadêmicas, encontramos o discurso de posse na
Academia Brasileira de Literatura – ABDL.
É uma fala inspirada por um sentimento de devoção e compromisso. Empossado na
cadeira patroneada pelo crítico e historiador literário José Veríssimo, o autor
nos oferece um fiel retrato daquele escritor a partir de sua obra crítica.
Evidencia-se, assim, o esforço de recepção que Veríssimo, em sua coluna no
antigo Jornal do Brasil, empreendia
em favor da formação do gosto literário em nosso país ao comentar obras de
Comte, Taine, Renan, Eça e Nietzsche. Enfocando, entre estes, principalmente o
nome do filósofo alemão, impressiona constatar que Kahlmeyer-Mertens, em seu
discurso, não apenas se mostra conhecedor das interpretações que Veríssimo faz
de Nietzche, e dos comentários de estudiosos de época como Eugène de Roberty,
quanto dos rumos das pesquisas sobre esse pensador na atualidade. Toda a
atenção filosófica dada a Veríssimo no presente discurso, entretanto, não é
menor do que a consideração dedicada ao anterior ocupante da cadeira 30 na
ABDL: o elogio ao desembargador José Eduardo Pizarro Drummond é permeado de
diligência e sinceridade. Tenho o prazer de poder afirmar o quanto esta oração contentou
a todos que estiveram presentes naquela cerimônia, especialmente os parentes da
terceira geração de José Veríssimo, que prestigiaram o evento.
Uma exaltação
à convivência nas academias é encontrada no discurso de posse no Cenáculo Fluminense de História e Letras
na cadeira 13, patronímica do polígrafo Afrânio Peixoto. O que gostaria de
destacar nesta peça não são os dados biográficos daquele membro da Academia Brasileira de Letras – ABL, que foi também médico, professor,
político e autor da obra literária mais lida no Brasil na época em que foi
divulgada. Chamo atenção para o momento simbólico no qual nosso orador declara
toda sua estima por sua terra. Ao tomar contato com o texto, por meio da
coletânea, o leitor poderá constatar que Kahlmeyer-Mertens consagra uma página
plena de encanto e beleza àquilo que poderíamos chamar de sentimento de
pertença a nossa terra fluminense.
Kahlmeyer-Mertens
empossou-se na Academia Niteroiense de
Letras – ANL no período em que eu fui Presidente daquela instituição. Com
seu discurso de posse, o acadêmico presenteou a todos com o encantamento
oferecido por sua ars retorica. Na
solenidade, ocorrida no auditório Amaury Pereira Muniz, foi oportuno lembrar oradores
que, eternizados pela força de seus gestos, em outrora fizeram uso da palavra
naquele mesmo espaço. Assim, ao evocar os nomes de Norival de Freitas e Jorge
Cortás Sader, a cerimônia acabou por celebrar um significativo capítulo da
cultura tribuna fluminense. Feito o elogio do patrono, o médico Bernardino
Senna Campos, o empossando passou ao louvor dos que o antecederam como
ocupantes na respectiva cadeira. Dentre aqueles antecessores, chamo a atenção
para Togo de Barros, governador do estado do Rio de Janeiro na década de 1950 e
figura com a qual os acadêmicos da ANL tiveram o privilégio de conviver.
Falas de
saudação podem ainda ser conferidas na sequência do livro. Entre elas está o
discurso de recepção ao acadêmico Luiz Antonio Barros, por ocasião de sua posse
na Academia Niteroiense de Letras. Em
sua prédica, Kahlmeyer-Mertens alude à tradição retórica vigente nas academias
de letras e ressalta a dificuldade de apresentar publicamente um personagem
singular recorrendo à filosofia de Sartre e à pedagogia poética de Marziano
Capella para legitimar suas premissas. No mesmo texto, evidencia, por um lado, a
figura simples e humilde de Luiz Antonio Barros, e ressalta, por outro, o
enorme mérito do empossando, ao lembrar que este, além de qualidades próprias,
é herdeiro de scholars como Gladstone
Chaves de Melo, Leodegário A. de Azevedo Filho e Maximiano de Carvalho de Silva.
Na segunda
parte da coletânea, reservada a alocuções várias, encontramos, primeiramente, o
pronunciado na Câmara Municipal de
Niterói, lido durante a cerimônia de cessão da Medalha José Cândido de
Carvalho, na ocasião em que Kahlmeyer-Mertens foi agraciado com a
referida comenda. É uma homenagem àquele escritor campista que, entre a
literatura romanesca e o jornalismo, tanto honrou o mundo literário com sua rica
e admirável produção artística. Membro da Academia
Brasileira de Letras e radicado em Niterói, não me lembro de ter lido estilo
literário mais original do que o daquele grande literato fluminense. No
presente discurso, foi apreciado um pouco da vida e obra daquele profundo
conhecedor da alma do povo brasileiro que – como bem diz nosso orador – possui
uma prosa espetacularmente brilhante e inimitável. Um traço surpreendente deste
trabalho é quando Kahlmeyer-Mertens narra o encontro que teve com José Cândido
de Carvalho, autor de “Olha para o céu Frederico” e do já clássico “O coronel e
o lobisomem”.
Após ler este
discurso, louvamos a feliz iniciativa daquela assembleia legislativa em conceder Medalha
a Roberto S. Kahlmeyer-Mertens, professor exímio, cujos méritos intelectuais
não apenas legitimam a acertada medida, quanto bonificam seu propositor.
As palavras
fraternas de Kahlmeyer-Mertens a Marco Lucchesi são – indubitavelmente – um dos
pontos altos do livro. Na ocasião em que o poeta, ensaísta, tradutor e membro
da Academia Brasileira de Letras foi
homenageado pelas instituições culturais de Niterói, em uma reunião do Cenáculo Fluminense de História e Letras,
Kahlmeyer-Mertens foi o escolhido, entre tantos, para fazer a saudação. Quem
conhece o homenageado pode avaliar a especial honra da tarefa. Com uma fala poética
e repleta da mais elevada erudição literária, nosso autor escreveu, com
propriedade e beleza, um discurso que faz jus à estatura do homenageado, um
discurso de excelência sem perder a afabilidade, um discurso que dará gosto a todos
aqueles que tiverem o privilégio de sua leitura.
Ao fim, temos
a saudação a Luís Antônio Pimentel, na data de seu centenário de vida.
Divulgado sob o título de Luís Antônio
Pimentel: Jubileum, o luminoso discurso foi proferido na sede da Academia Niteroiense de Letras, dando
início às comemorações do centenário de seu amigo poeta. Pimentel é uma bela
figura humana que fez da arte sua vida, fazendo com que também sua vida
ganhasse dimensão artística. No discurso, Kahlmeyer-Mertens – que possui várias
obras dedicadas ao poeta – supera expectativas ao evidenciar, servindo-se das
poucas palavras do jornalista Augusto Donadel Jorge, o valor dessa existência rica
e honesta em face de alguns dos respeitáveis trabalhos intelectuais que o poeta
miracemense dedicou a Niterói.
Esta apresentação
acabou por se tornar mais longa do que um bom prefácio deve ser. Justifique-se,
entretanto, sua extensão pela proporcional necessidade de mostrar – no presente
livro – como uma intelectualidade de escol se edifica nos dias de hoje. As atraentes
meditações de Kahlmeyer-Mertens, ora reunidas, precisam ser acolhidas com boa
vontade, e a inteligência que delas decorre apela imediatamente a uma atitude
respeitosa. Afinal, na imagem desse brilhante intelectual, cultor de valores
excelentes e estudioso de aspectos superiores do pensamento humano, reside uma
digna esperança a ser investida unanimemente: o amor por princípio, a
ilustração por caminho e a felicidade como propósito.
Obrigado, Roberto
Kahlmeyer-Mertens, por este livro cintilante de saber e beleza.
Jorge
Loretti
Da Academia Niteroiense de Letras
Parabéns, Roberto, por mais uma publicação! Att.
ResponderExcluirP.R.Cecchetti
CARÍSSIMO ROBERTO.
ResponderExcluirSE POSSÍVEL LÁ ESTAREI PARA UM FRATERNAL ABRAÇO.
Duas gerações reunidas em harmonia, Inaldo Alonso e Kahlmeyer. Parabéns a ambos!
ResponderExcluirDesejo sucesso!
ResponderExcluirForte abraço
Muna Omran
Se são eles dois que estão dizendo, contestar o quê mais?!!!
ResponderExcluirAmém para nosso jovem intelectual!
Meus parabéns, Kahlmeyer!
ResponderExcluirSeu trabalho está sendo reconhecido até pelos grandes!
Muito sucesso amanhã, Roberto.
ResponderExcluirAposto muito em sua carreira.
Vejo que a fala de Jorge Loretti é um grande reconhecimento a suas qualidades intelectuais.
Tão jovem e tão culto!
Abraços,
Aninha!
Muito bom mostrar os verdadeiros intelectuais da cidade. Mais uma vez te parabenizo pela visão tão abrangente. Cada postagem é uma alegria renovada. Como é bom esse contato com as letras!
ResponderExcluirUm abraço
Belvedere
KAHLMEYER,
ResponderExcluirDEPOIS DOS PARECERES DESSES DOIS SÁBIOS,VOCÊ NÃO NECESSITA DO RECONHECIMENTO DE MAIS NINGUÉM DE NITERÓI: É A CONSAGRAÇÃO!!!
MUITO SUCESSO!
MARTHINHA
Querida Martha, agradeço seu entusiasmo, mas não posso desconsiderar o apoio que recebo de muitas outras pessoas do movimento que tornaram a publicação deste livro possível. Sávio e Loretti são apenas dois dos bons amigos que tenho.
ExcluirVeja se pode aparecer no lançamento amanhã.
Abraços do Kahlmeyer
É agora Niterói acertou!
ResponderExcluirReceba o carinho do Eduardo Suzuki
Caramba Kahlmeyer!
ResponderExcluirQue elogio que vc ganhou do Desembargador Jorge Loretti!
Como ele escreve bem!
Dei valor!
Sônia
Parabéns pelo lançamento deste novo livro, Kahlmeyer.
ResponderExcluirCom certeza a literatura de Niterói se enriquece.
Farei de tudo para comparacer lá amanhã para ler essses belos textos no original do livro.
Att
Caro Prof. Roberto Kahlmeyer, bom dia!
ResponderExcluirQue mais dizer? Sobre seu valor intelectual, cultural, tudo já foi dito, registrado, pelos
académicos Sávio Soares de Sousa e Jorge Loretti. Parabéns, não só, pelos atuais, futuros sucessos. Por estar acamado não poderei estar prersente, sim, em pensamento.
Abraço sincero... José Pais de Moura.