“Ser anfitrião das belas letras.”
Com esta legenda, o presente Blog pretende abrir espaço para os talentos da literatura (com ênfase na fluminense). Tal sítio é reservado ao fomento e divulgação da boa poesia, da crônica, do conto, da crítica e, também, da vivência em meio às Instituições acadêmico-literárias. Preservar a memória dessa literatura, promover o trabalho de autores cujas obras já se encontram consolidadas e apoiar as promessas que ingressam na senda literária é o nosso papel.
Quem são os “atores” da Renascença Fluminense? As postagens anteriores suscitaram perguntar como essa. Essas desejam saber se teríamos talentos que pudessem encabeçar a proposta de um renascimento da cultura literária fluminense (e, se caso houvesse, quem seriam essas figuras). As postagens que se seguirão a esta vêm responder a essas indagações. Apresentaremos alguns dos escritores que compõem o significativo cenário da literatura fluminense (sejam eles vivos-atuantes ou pertencentes a um passado ainda muito vigente). Consideremos homenageados os nomes aqui contemplados; estejamos, pois, preparados para o que é reconhecido como o melhor e o mais louvável na literatura feita no Rio de Janeiro.
Três haicais eróticos de Luís Antônio Pimentel
Olhos de uva verde
anunciam que teu corpo é taça de vinho.
Olhos de esmeralda rubis nos lábios, nos seios. E eu teu lapidário.
Em teus olhos - verde. Em tua boca - vermelho. Paro ou continuo?!
Quem são os “atores” da Renascença Fluminense? As postagens anteriores suscitaram perguntar como essa. Essas desejam saber se teríamos talentos que pudessem encabeçar a proposta de um renascimento da cultura literária fluminense (e, se caso houvesse, quem seriam essas figuras). As postagens que se seguirão a esta vêm responder a essas indagações. Apresentaremos alguns dos escritores que compõem o significativo cenário da literatura fluminense (sejam eles vivos-atuantes ou pertencentes a um passado ainda muito vigente). Consideremos homenageados os nomes aqui contemplados; estejamos, pois, preparados para o que é reconhecido como o melhor e o mais louvável na literatura feita no Rio de Janeiro.
1. Vagueio além de seu sono com alma de marinheiro feliz de chegar a um ponto sem previsão de roteiro, mais tonto de o descobrir que de lhe ser estrangeiro. Teu continente a dormir - pouso de barco ligeiro - pára os relógios num tempo avesso a qualquer ponteiro: nem sei se o fico vivendo ou se te acordo primeiro.
2. Eu te imagino acordando para a primeira comunhão do amor. Teu vestido de rezas (não são rosas) costuradas por quem as soube de ouvir também vais despindo e ficando com o uniforme natural de nadador; gesto por gesto, vais passando a perceber que em teu novo exercício pouco adianta toda teoria - como adianta pouco um salva-vidas a quem prefere, entre dois nados, mergulhar... Melhor que o nado, o mergulho desvenda as mais profundas relações de corpo a mar.
3. Das vozes que te embalavam a esperança de menina moça guardaste mais, de tanto repisadas, as perfumadas lições da nobre arte de agarrar um homem. De como te fazeres desejada, amada porventura, tudo aprendeste: os gestos, os meneios, a graça de sorrir e de calar. Hoje tens o teu homem disposto a desdobrar-se em pão e vinho para apagar tua fome. por isso, que lhe hás de dar: o trigo de tua pele, as uvas de tua boca? Se sem a ponte do amor, tua lavoura é tão pouca... Acorda: onde estão as vozes que te ensinaram a amar?
4. Bom é sorrires, olhar em mim: não vês o inimigo, o rival jamais. Na caça, não serás a presa; não serás, no jogo, a prenda. Partilharemos, sem meias medidas, a espera, o arroubo, o sono e o gosto desse rir dentro e fora do tempo sempre que nova mente acordares.
5. Acorda, meu bem, acorda: são horas de vigiar feliz quem menos recorda e faz do tempo passar monjolo-pêndulo-corda tocando um relógio de ar onde o momento concorda com ser eterno findar! Acorda, meu bem, acorda e ajuda teu madrugar: a mão do dia transborda de coisa para te dar. (...)
(CAMPOS, Geir. Antologia poética.
Org. Israel Pedrosa. Rio de Janeiro: Léo Christiano, 2003. p.237-239)