Em nossa cidade ocorre o Encontro de Niterói com a América Latina. Quem desejar saber mais sobre o evento, pode clicar nos links que disponibilizo abaixo. Em nosso caso, a contribuição de Literatura-Vivência para o espírito de intercâmbio cultural do evento não poderia ser outra senão um quinhão literário-vivencial: uma tradução (própria) do poeta e intelectual latino-americano Octavio Paz.
Mesmo sabendo que Miguel de Unamuno condenava as traduções – especialmente a de poesias –, preciso me inclinar a pensar a viabilidade dessa prática (apoio-me em Ronái e em Geir para tal). Até para que este projeto ocidental-renascentista (lembremos que a tradução é uma invenção europeia, a ponto de, em algumas línguas asiáticas, a palavra “tradução” sequer existir) ganhe concretude no evento em questão; até para que o sonho de la unidad de Latino America, alentado uma geração antes da minha, possa ser novamente nutrido.
Vejamos a poesia de Octavio Paz, hoje dedicada por mim à escritora Branca Eloysa:
Destino del poeta
¿Palabras? Si, de aire,
y en el aire perdidas.
Déjame que me pierda entre palabras,
déjame ser el aire en unos labios,
un soplo vagabundo sin contornos,
breve aroma que el aire desvanece.
También la luz en sí mesma se pierde.
Destino del poeta
Palavras? Sim, de ar,
e perdidas no ar.
Deixe-me que perca entre palavras,
deixe-me ser no ar entre uns lábios,
um sopro vagabundo sem contornos,
breve aroma que no ar se desvanece.
Também a luz em si mesma se perde.
e perdidas no ar.
Deixe-me que perca entre palavras,
deixe-me ser no ar entre uns lábios,
um sopro vagabundo sem contornos,
breve aroma que no ar se desvanece.
Também a luz em si mesma se perde.
Escritura
Cuando sobre el papel la pluma escribe,
Cuando sobre el papel la pluma escribe,
a cualquier hora solitaria,
¿quién la guía?
¿A quién escribe el que escribe por mi,
orilla hecha de labios y de sueño,
quieta colina, golfo,
hombro para olvidar al mundo para siempre?
Alguien en mí, mueve mi mano,
escoge una palabra, se detiene,
duda entre el mar azul y el monte verde.
Con un ardor helado
Contempla lo que escribo.
Todo lo quema, fuego justiciero.
Pero este juez tambiém es víctima
y al condenarme, se condena:
no escribe a nadie, a nadie llama,
a sí mismo se escribe, e sí se olvida,
y se rescata, y vuelve a ser yo mismo.
Escritura
Quando sobre o papel a penas escreve,
em qualquer hora solitária,
quem a guia?
A quem escreve o que escreve por mim,
margem feita de lábios e de sonho,
quieta colina, golfo,
ombro para esquecer do mundo para sempre?
Alguém escreve em mim, e move minha mão,
escolhe uma palavra, se detém,
oscila entre o mar azul e o monte verde.
Com um gélido ardor
Contempla o que escrevo.
Queima a tudo, fogo justiceiro.
Mas este juiz também é vítima
e ao me condenar, se condena:
não escreve a ninguém, a ninguém chama,
a si mesmo se escreve; em si mesmo se esquece,
e se resgata, e volta a ser eu mesmo.
Divulgação Cultural
(Clique na imagem para ampliar)
Kahlmeyer,
ResponderExcluirVocê sempre cercado do melhor! O Otávio Paz era o maior intelectual da América Latina!
Abraço,
Victor
Parabéns por mais esta iniciativa no momento encontro-me comprometido com as récitas de " As Valquírias" de Richard Wagner no Theatro Municipal de São Paulo, compositor que foi tema do meu último livro.
ResponderExcluirVicente de Percia
Kahlmeyer,
ResponderExcluirBem que haviam me dito que vc era um erudito de poesia! Não conhecia a poesia de Octávio Paz.
Obrigado por nos apresentá-la.
Abçs
Marcus Moura
Prezado Marcus Moura,
ResponderExcluirNão posso ser considerado um “erudito em poesia”, como dizes. Como sabes, minha área de competência é a filosofia e, no que diz respeito à poesia, apenas a leio por interesse e gosto. Isso faz com que eu procure mostrar no blog as coisas que conheço, aprecio e acho que poderia contentar ao público do Literatura-Vivência.
Cordialmente,
Roberto Kahlmeyer-Mertens
Como se diz lá na terrinha: porreta!
ResponderExcluir“Lo que brilha com luz propria nadie lo puede apagar...”
ResponderExcluirIsso é para você, Kahlmeyer!
LINDOS POEMAS.
ResponderExcluirA música é tocante.
ResponderExcluirNão o conhecia. Obrigada por me ensinar.
ResponderExcluirAbs
Belvedere
Roberto, uma surpresa sentir seu olhar sobre mim. Parece que nos conhecemos desde sempre. GRACIAS A LA VIDA !
ResponderExcluirComo se diz lá no Muquiço e nas adjacências da Ratolândia (ambas comunidades VIP de Vigário Geral!): " - Show de bola!"
ResponderExcluirAlyran
Figura intelectual!
ResponderExcluirAbçs
Waldir Vieira