Comigo (Crônica)
Ando com a alma triste e, no semblante, um sorriso enganador. Eu, que sempre frisei que a mentira era o maior dos males! Mas não a convidei, ela se instalou simplesmente e parece não ter data de partida. Terá encontrado seu habitat em mim?
O tempo pintado em gris acentua essa sensação de perda. É como se, a cada momento, minha energia se esvaísse através de meus poros. Quisera ver arco-íris, mas por onde andam? Perco-me nos labirintos de meus pensamentos quando rememoro aquilo que, de tão distante, parece que nunca existiu.
Já fui feliz, sim. Senti o aroma das flores e me inebriei. Dormi pacificada com o bater das ondas nas pedras, o cheiro de maresia. Já dancei parecendo deslizar nas nuvens. Beijei e fui ao paraíso.
Por que minha alma de repente ficou triste e me transmutei em falsidade, mantendo um sorriso enganador?
Resta-me um desejo: a visão do arco-íris, primeira referência de assombro, beleza e êxtase em minha vida.
Reflito sobre a existência do eu. Terei, de fato, existido? Talvez tenha sido um simulacro. O que é a vida, senão uma frenética busca? Se um dia percebemos a fuga ou o estranhamento em relação ao nosso eu, é porque nunca existiu ou não nos foi fiel.
E cá estou, comigo, esse ser estranho.
Divulgação Cultural
Prezados leitores do Blog “Literatura-Vivência”,
ResponderExcluirDurante alguns dias tivemos problemas na publicação de comentários às postagens.
Para alguns que tentaram colocar mensagens, o texto simplesmente desaparecia sem ser publicado.
Comunicamos que este inconveniente já foi resolvido e que o leitor-usuário já pode comentar as postagens sem qualquer complicação.
Agradecemos o interesse que tanto prestigia o “Literatura-Vivência”, e esperamos que interajam conosco.
Ler as bem escritas crônicas de Belvedere é como caminhar por entre rosas e azaleias. Não qualquer rosa ou azaleia, mas daquelas maravilhosas cultivadas por hábeis mãos japonesas. Mas nas entrelinhas dos seus textos sentimos que nem tudo são flores. Com sua prosa plena de poesia, Belvedere nos faz perceber que variados sentimentos que perpassam a alma humana também perpassam a delicadeza das rosas e das azaleias E podem arranhá-las.
ResponderExcluirCarlos Rosa Moreira
Se assumiu mentirosa a narradora deste texto.
ResponderExcluirSai prá lá manolo! Sabe nada de literatura! bocoió!
ResponderExcluirMais um veículo para a nossa querida Belvedere nos inspirar.
ResponderExcluirLindo.
Parabéns a todos.
Este não é um blog como qualquer outro, Roberto.
ResponderExcluirVocê dita tendência, está na vanguarda!
Parabéns,
Lea
Ah, Bel, o ritmo é esse mesmo. Mergulha-se num mar de salgadas, de sagradas letras, prende-se a respiração e volta-se à tona meneando o semblante à procura do que só a gente sabe e sente, ou pensa saber. Ou não saber, de preferência piscando os olhos contra o flash do sol. Foto que se revela no resvalo de íntima translucidez que ninguém nota de tão íntima e translúcida que é.
ResponderExcluirMais uma vez nos brinda Belvedere com um texto de cálida interrogação regado a uma profunda inquietaçao fruto da agonia de um ser no limiar de suas atrozes dúvidas. Mergulha no interior do seu Eu com a sofreguidão de quem desesperado procura respostas que podem trazer alívio às suas diretrizes norteadoras ou laceração às suas inseguranças de raízes. Minhas homenagens, simples assim, Bel.
ResponderExcluirMais uma vez agradeço a generosidade, Roberto.
ResponderExcluirUm abraço
Belvedere
Estamos sempre em busca disto ou daquilo, uns a felicidade, outros a paz consigo mesmo, e de busca em busca vamos caminhando nas letras dos textos da Belvedere com a gostosa sensação de querermos mais, sempre mais, parabéns Bel, sucesso sempre. Osvaldo (http://saopauloqueninguemve.blogspot.com/)
ResponderExcluirBelvedee Bruno é um bálsamo no fim de semana. Melhor que isso: é a autêntica valorização da vida. Fraterno abraço para ela e para todos que leem este blog.
ResponderExcluirParabéns, parabéns, Bel, pela bela crônica no Vivência... A propósito, quem é aquela cantora da "Banda mais Bonita da Cidade"... Que maravilha de voz e de acompanhamento instrumental. Há muito não vejo/ouço e me emociono com tão suave e firme interpretação. E a letra/poema/canção de quem é?
ResponderExcluirQuerida amiga, Desconheço como se coloca sua alma ao escrever.Vc pretende extravasar seu interior, com sinceridade, ou fantasia seus sentimentos em busca de um belo texto que atraia, emocione ou alerte leitores? Porque neste texto, de tanta subjetividade,vejo uma pessoa comum, como tantas outras que procuram seu caminho, ou melhor, um caminho que a torne mais feliz, longe das frustrações de um passado. Seu desânimo é tão evidente que a escritora, ela mesma, confessa que deixou a sinceridade e a franqueza, no dia a dia, de lado e com uma máscara triste, passa a lançar mão de mentiras que ela sempre considerou um dos maiores males. Transfigurou-se e planejou a apresentação de um semblante alegre, apesar da alma triste, mostrando, portanto, um sorriso enganador.Pelo que se sente, sua alma não está sorrindo, ao contrário, chora, esforçando-se para não deixar lágrimas à vista . Mas não se assuste, querida nova amiga.Não fique percorrendo seus labirintos sem pensar, inicialmente, que todo ser humano passa por esta fase de desconsolo, de desesperança. Eu mesma tenho muitos desses momentos desalentadores, certa de que a que eu vivo não foi exatamente aquela vida que sonhei.O viver está inserido num contexto mais amplo. Uns amigos mostram-nos como nos aprovam e nos são fiéis; outros,você percebe que nem tudo “vai bem no melhor dos mundos”. Certos desafios afastam-nos dos sonhos e dos ideais traçados. O correto é afastar tudo que esteja “gris” em nossas vidas e emprestar aos nossos sorrisos uma alegria renovadora,esperançosa e investigativa para que ela nos indique caminhos felizes, que ponham fim aos fantasmas de nossa alma.
ResponderExcluirIntensidade é o seu nome!...
ResponderExcluirÉ tão bom quando as letras fazem a ciranda, e os sentimentos se entrelaçam em palavras, formando um grande e único abraço poético!
Beijos, querida Bel!!!
Bel, gosto de escritos assim confessionais (existe essa palavra?... rsssss. Intimista e poética. Aliás, vou dizer uma coisa. Sou sua fã. Sempre.
ResponderExcluirNicoleta querida
ResponderExcluirSou eu mesma. Que meu universo, agora em preto e branco, volte a exibir suas cores! Muitos abraços
Belvedere
Bel ..adorei tudo, sua posiçaõ, sua contida reflexão...sua maneira de ser...
ResponderExcluirmavi lamas
Conheço a Bel há muitos anos. Também sou cronista, há trocentos anos, e posso julgar. Essa é uma crônica de valor universal, porque ninguém escapa de momentos como os que ela expressa nesse texto. Para ela, são momentos. Para os enfermos, uma eternidade. Para os que
ResponderExcluirainda não examinaram a vida, um enigma. Parabéns, querida! Abraços da amiga,
Ana Suzuki
Bel, muito bom ler sua crônica, neste sábado chuvoso... tingido de cor cinza, a mesma em que nos sentimos envoltos quando tristes...
ResponderExcluirQuem de nós, nunca sentiu este estado? O importante é saber que a vida é como as marés, ondas vem, ondas vão, nada é estático, tudo é passageiro.
Continue , minha amiga.
Bom final!
Bel querida!
ResponderExcluirA vida é assim mesmo, uma caixinha de surpresas, nem sempre tão boas, mas é preciso seguir em frente com garra e com fé, pois como diz o ditado; não há mal que sempre dure. O mundo hoje passa por grandes transformações e o ser humano, sem perceber, é atingido em cheio, mas chegará o dia em que tudo entrará nos eixos.Quando? confesso que não sei, mas também aguardo ansiosamente esse dia.Um grande beijo em teu coração amigo, fica bem.
Simone
Querida Bel.
ResponderExcluirAo ler sua página percebi quanta sensibilidade você possui. Na realidade, uma introspecção feita como você fez revela verdades escondidas dentro de nosso âmago.
Entretanto, lembre-se que depois da tempestade vem a bonança, e dias melhores virão, quando o arco-iris majestosa fará você sorrir de verdade e ser feliz. Com carinho e com meus parabéns. .Ida Montez
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirQuerida Bel !
ResponderExcluirÓtima a sua crônica ( Comigo )
As vezes estranhamos coisas que já aconteceram e perguntamos por quê ?
A verdade é essa mesmo : É porque a vida as vezes não é fiel conosco .
Gostaria também de fazer um comentário sobre o seu maravilhoso livro " Vinho Branco " .
O livro " Vinho Branco " é um convite atraente aos leitores que possuem sensibilidade e um olhar reflexivo sobre as coisas . Em cada contos e crônicas , encontramos momentos de afetos , ingratidões , saudades , caridades , ausências , mudanças , solidão , enfim , cada relato faz com que retornamos as nossas experiências pessoais ou até daqueles no qual convivemos .
Existem pessoas que nos favorecem , que foi o caso de seu pai . Que presenteava você com livros e quantas coisas importantes lhe ensinou .Em um de seus contos : " Sombra de Natal " e " Um rádio desmontado " , percebo a falta que lhe faz esse pai herói . Veja só cara Bel , que castelo lindo ele lhe ajudou a construir .
Mas infelizmente , há pessoas que nos roubam , segundo o autor e Padre Fábio de Melo . Foi no caso do seu conto " Os quatros vestidos " . Relata que o tio agradou a filha , mas não a sobrinha . São atitudes que para os que cometem é natural , mas para os que recebem , ficará uma marca incurável pelo resto da vida .
Palavras e atitudes tem um grande poder : Podem tanto nos ajudar como também nos destruir .
Parabéns Bel !
Vc é uma pessoa muito especial .
Pessoas como vc , nos dão vibração , alegria , vontade de vencer , ir em busca de novos horizontes e sonhar coisas novas .
Parabéns aos seus pais , por saberem moldar uma personalidade autêntica e vitoriosa .
Que Deus continue te iluminando e infinitos obrigada por tudo !
Carinhosamente , Edinha Durães .
Bel querida! Suas palavras provocam uma magia difícil de explicar. São belas e nostálgicas ao mesmo tempo, lindas e curiosas, magníficas mas enigmáticas. É um duo de êxtase e e dor, prazer e melancolia. Muito louco tudo isso. Parabéns!!! Seu Mordomo, Benny.
ResponderExcluirFui lendo, me encantando, me identificando, enfim, fluiu tão dentro de mim que li e reli quantas vezes minha alma pediu.
ResponderExcluirObrigada, mil vezes, pela "viagem" que você proporcionou com cada palavra.
Que bom ler a frase: "Já fui feliz, sim."
Nos momentos mais escuros é fundamental lembrar o quanto é feliz ter sido feliz.
Abraço feliz pra você, pessoa linda!
Belvedere,
ResponderExcluirtu escreves bem. gostei. a tua escrita tem um ritmo interior como se corresse dentro, não só de ti, mas também dentro de quem te lê. não é fácil escorrer lirismo pelas frases sem que elas fiquem lamechas. e tu consegues. prosa poética não é olhar a lua e dizer que o luar é maravilhoso. é fazer com que o leitor veja esse luar. e acredite que ele existe. parabéns. beijo,
Cunha de Leiradella
Prezados leitores de Literatura-Vivência,
ResponderExcluirconvido a todos a conhecer o perfil de Cunha de Leiradella na Wikipédia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cunha_de_Leiradella
Querida Bel
ResponderExcluirSiempre he admirado tu alegría de vivir. Con tu crónica admiro ahora tu capacidad literaria que me llevó de la mano desde la pantalla de la computadora hasta dentro de mi. Eso se puede? cuando tu escribes, sí.
Alba Morales de México
Muitos Parabéns a Revista , e mais por publicar Belvedere Buno, uma exímia contista , que como poucos retrata em seus textos a vida, sentimentos, fatos e os ecos do que nos vai n'ALMA.
ResponderExcluirBel querida, fico feliz diante o reconhecimento que lhe é dado, porque merecido. Bjs, nanamerij
Recebi o endereço desta bela Revista, e manifesto minha admiração e respeito pela qualidade da mesma.
ResponderExcluirCom alegria vejo publicada a parceira de Literacia-Belvedere Bruno, cuja escrita me encanta , pela precisão, forma e conteúdos vívidos.
Abraços e parabéns Belvedere,seu destaque é notadamente devido.
Valentina Latiffa
Emocionante e sincero. Mas, certamente, um desalento momentâneo. Grande lavra, Belvedere. Um beijo pra você.
ResponderExcluirBelvedere, li este texto em Literacia, nada mais justo que seja neste excelente espaço tb. divulgado. Já lhe disse e repito: sua escritura tem qualidade, coesão , ritmo . O que lhe confere o melhor domínio da palavra.
ResponderExcluirParabéns e muitos leitores, Vc. merece.
Abrs de Filipa
Cara Belvedere,
ResponderExcluirParabéns pela seu texto. Fico feliz em ver como tem gente inteligente comentando.
Abraço,
Sônia
Amigos amados
ResponderExcluirComo vocês me deixam feliz! Ontem foi meu aniversário e não poderia receber melhor presente.
Mil beijos
Belvedere
Bel, sei que a vida é dura, e a lógica racional diz que é quase certo que a morte é o fim, mas não custa deixar pelo menos pelo benefício da dúvida,0,5% de dúvida, um beijão e melhoras pra sua mãe.
ResponderExcluirQuerida amiga Belvedere,
ResponderExcluirConstato que nada em você mudou,
e fico muito feliz e honrada por ser sua amiga!
A vida lhe fez bem, pois vejo que você ficou
ainda mais sensível, inteligente, emotiva,
sincera e linda!
Achei, pra variar,a sua crônica linda e sensível.
Parabéns!!!!
Muitos beijos!!
Fátima Carioly
Em tempo: PARABÉNS pelo aniversário no dia 17!
Desejo a você muitas FELICIDADES!!
SUCESSO!!!
Adoro você!
Vc é especial, tem o dom da palavra... lindo!
ResponderExcluirE quem de nós um dia não exibiu um "sorriso enganador", com certeza e em muitos momentos de conflitos existenciais, tal qual uma máscara, um simples disfarce para conseguirmos ir em frente. Parabéns!
Bjo grande e sucesso sempre
Excelente cronica, gsoto do seu jeito de escrever, um belo exercício poético, grande beijo.
ResponderExcluirFlávio Machado
Querida amiga, como sempre uma crônica para muita reflexão da sua alma , li e reli, onde destaco essa frase que para mim, revela o in-revelado.
ResponderExcluir"Se um dia percebemos a fuga ou o estranhamento em relação ao nosso eu, é porque nunca existiu ou não nos foi fiel. "
Parabéns, obrigada por este momento de compartilhar .
Efigênia Coutinho
Adorei a crônica "Comigo", de Belvedere Bruno
ResponderExcluirParabéns escritora Belvedere!
Beijos.
Malu Mourão
maluisa_50@yahoo.com.br
Belvedere,
ResponderExcluirparabéns pelo texto.
Bem estruturado e de uma sensibilidade extrema ("Comigo").
Já estou seguindo o blog e, quando postar, comunique-me.
Será um prazer apreciar seu talento marcante.
Rosângela de Souza Goldoni
Bel, creio que devamos ser fiéis a nós mesmos. Afinal, a vida somos nós. Cada um é a vida à parte. Fidelidade diz, portanto, respeito à própria pessoa. Uma espécie de adjetivo reflexivo, que deveríamos conjugar como sinônimo do verbo Amar-se e antônimo do substantivo hipocrisia. À parte de minhas reflexões, o texto foi-me reflexivo. Abraço
ResponderExcluirGostei das palavras tão próximas da gente, humanos, suscetíveis a dor, suscetíveis a alegria, enfim, humanos. Que bom! E a canção? A música exprime as essências, assim como quando experimentamos a metafísica ao filosofar, dizia Schopenhauer. Cantemos e escutemos.
ResponderExcluir